Monday, June 2, 2008

Bob Geldof para Presidente da UE!

Vou fazer algo que não costumo fazer habitualmente; misturar política com design.

Não porque pense que o design e a política não se misturam, muito pelo contrário. Mas porque eu pessoalmente não lido bem com o tipo de política que nos envolve, sem visão e promiscua. Os melhores políticos saltam fora por se sentirem maniatados, outros ficam porque sentem que fora da política ainda é mais difícil provocar mudanças. Discutível nos dias de hoje.

O design precisa da política, de uma política de design de vistas largas, com pés na terra. Quando fiz o meu mestrado em 1993 dediquei-o a condições para o crescimento do design em pequenos países como Portugal, quando no resto de países com oura experiência de design estavam a fechar instalações e a tentar chegar aonde era preciso de outra forma, estava o Centro Português de Design a inaugurar as suas instalações. Este mesmo CPD 15 anos depois tem as instalações á venda, um passivo difícil de saldar, uma situação de gestão impossível, trabalho feito que pode até corresponder ao melhor que souberam fazer, mas muito aquém do que devia ter sido feito. O design continua a não estar na agenda dos empresários, temos agora uma grande quantidade deles que não toca no design e que não quer trabalhar com o CPD.

Algo funciona mal quando não conseguimos, com sinceridade e com sentido de justiça, criticar o que não está mal e assumi-lo. Sou parte do problema e da solução e, estando envolvido com o CPD todos estes anos, e tendo sido sempre honesto em relação ao que pensava, talvez não tivesse sido o suficiente. Hoje continuo envolvido com o CPD, porque acredito na necessidade de um CPD, este ou outro com o mesmo propósito. Hoje também estou evolvido com o IAPMEI, que também está interessado no design como ferramenta de valor para as PME’s, mas a desarticulação entre todas estas entidades interessadas no bem estar do design denota a tal falta de uma política de design séria e eficaz.

Em Barcelona, a cidade que tem um marketing que suplanta a realidade, convida empresas mundiais com departamentos de design a implantarem-se na cidade, oferecendo várias benesses implícitas e explicitas, reconhecendo a necessidade da presença destas empresas para formar um “hub” de design mundial.

Há duas semanas fui a Londres, a uma conferência organizada pelo NESTA, a entidade nomeada pelo Design Council para incrementar a presença do design e da inovação nas PME’s Inglesas. Um dia cheio, com muita interacção, muita intervenção, muita participação. Uma das pessoas que mais me motivaram não é um designer, ou é o maior designer transformacional dos tempos modernos, um homem que na semana anterior tinha escandalizado a nossa sociedade dos grandes investidores ao afirmar categoricamente que Angola era gerido por criminosos. Todos, mesmo eles, sabem o que se passa em Angola. Pessoalmente acho que Portugal está envolvido numa segunda colonização de Angola bem mais pecaminosa e recriminável que a primeira, algo que dentro de 20 anos nos fará olhar para trás com alguma vergonha, mas isso são outras políticas. O Bob Geldof foi convidado pelos organizadores da conferencia para falar de inovação, e de inovação falou com autoridade. Inovação social, cultural, industrial, tecnológica, pessoal. De facto, quando se tem o estatuto de “outsider” e de artista de rock, podemos dizer o que nos vier à cabeça. Mas não deixei de pensar que este homem, artista como o Reagan mas senhor de uma arte diferente, não deixa de se assumir como um novo tipo de político, um não político, não conformista e, acima de tudo, fazedor de coisas, accionista de mudanças. Eu votava nele para a presidência da UE!
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Barcelona hosts the annual meeting of the Procter & Gamble Company’s Hair Care designers

30/04/2008
Mies van der Rohe

The Mies van der Rohe Pavilion was the scene for the annual meeting of the design team at the multinational Procter and Gamble Company's Hair Care division. The US giant's Hair Care business unit owns such brands as Pantene, Wella and Head & Shoulders, amongst others.

The meeting was attended by Ricard Frigola, Head of Economic Promotion at Barcelona City Council, and Pau Herrera, President of the BCD Executive Committee, whose address highlighted the importance of this type of event for the city. "That Procter & Gamble chose Barcelona as the venue for their meeting further confirms our conviction that design should occupy a key position in ensuring our city's economic growth. Events like this one help to make Barcelona a focus of attraction for designers and creatives".

The meeting formed part of the programme to welcome creative and design teams that BCD coordinates with a view to attracting and promoting Barcelona as the place for as many businesses as possible to establish their design facilities. Along this line of activity, BCD has also helped to persuade such companies as Renault, Volvo, Lego and Alstom to open offices in Barcelona and its area of influence.

Tuesday, May 13, 2008

Good Design! or not....

Com os cumprimentos da Joana Pina Pereira.

Os casos da gestão de design

Estive em Paris para a 12ª conferencia internacional de design Management organizada pelo DMI, a autoridade mundial no tema. Em cada país organizador há sempre uma tendência para incorporar casos de estudo locais, para que o evento não seja demasiado Americano, algo desejável e compreensível. E desta vez não fugiu à excepção, com as presenças da Fauchon, Renault, Faurecia, Legrand e outros. Mas também ouve uma presença hispânica, a Roca; por sinal a melhor apresentação.

Houve um pouco de tudo e aproveito para deixar um pequeníssimo resumo:

Fauchon – marca de “fast food” de luxo muito antiga, esteve à beira da falência há dois anos, com a entrada de um novo investidor renovou-se totalmente. O mais impressionante; como uma equipa de 4 pessoas pode fazer tanto em tão pouco tempo. O maior desafio: como escalar um negócio de comida com os desafios da produção local e logística.

Kone – Marca de elevadores Finlandesa, um produto pouco “sexy” e muito “regrado”, a responsável de design mostrou como se pode inovar com design transformando o elevador num interface cultural

Renault – O Patrick Le Quément é reconhecido como um dos pioneiros a dar a volta ao design no sector automóvel, assumindo hoje uma posição de destaque na empresa. No entanto ficou visível que a revolução que a Renault fez no tempo do primeiro Twingo não é a mesma que demonstra o novo Twingo, e ficamos a pensar se é do sector, da parceria com a Nissan ou da Renault precisar de um novo director de design

Karo – Uma empresa Canadiana de Branding a mostrar como veicular imagens e sentimentos fortes com a marca

Marc Giget – Um dos mais conceituados cientistas e teóricos da Inovação, uma apresentação muito interessante sobre a origem e o futuro da inovação, penalizada por ter sido feita num “bad english” típico dos Franceses

Faurecia – Uma apresentação interessante de como as empresas “Tier 1” da industria automóvel se acomodaram para responderem com inovação e design aos compradores das marcas. Já tinha visto uma apresentação similar da Johnson Controls e são casos interessantes de incorporação de design e inovação em negócios outrora B2B

Roca – Uma excelente apresentação de alguém recente na empresa, alguém conhecedor do valor do design e da inovação, alguém com capacidade operacional para dar a volta a uma empresa de um tamanho considerável mesmo ao nível europeu.

Clive Grinyer – O Clive influenciou-me há 15 anos quando foi tutor externo da minha tese de mestrado, disse-me que o meu trabalho não estava ao nível que ele esperava. Desta vez voltou a influenciar-me com uma apresentação sobre o design silencioso, sobre o facto de sermos demasiado silenciosos e esperarmos sempre para sermos convidados, sobre o facto de sermos pouco críticos em relação ao nosso próprio trabalho. Vou num outro artigo dedicar-me exclusivamente a esta apresentação que deu que pensar.

Microsoft – Quem disse que a Microsoft não tem design? Claro que tem, mas o design é parte do problema e da solução e o Surya Vanka teve a honestidade de mostrar as chalaças que circulam no mercado sobre o design extra detalhado e hiper confuso da Microsoft.

Legrand – O meu amigo Pierre Yves mostrou de forma clara como se pode aumentar as vendas de um produto, contornando um preconceito complexo – quem manda são os instaladores, questionando um mito muito antigo – só se vende o branco, com design e inovação que começou pelo ponto de venda. Dados e números impressionantes sobre o valor real do design.

Houve sessões paralelas, algumas delas bem interessantes e, houve uma sinopse de “papers” apresentados na conferencia de educação de design management que tinha tido lugar dois dias antes. Nessa conferencia apresentei um “paper” sobre a experiência de educação de design a gestores na Universidade Católica / FCEE. Um conterrâneo, o Carlos Oliveira Santos, apresentou o caso da Renova como exemplo de inovação.

Consegui – oficiosamente, a organização desta conferência para Lisboa em 2010. Uma batalha ganha depois de 3 anos de insistência e de comprovação que Lisboa tem condições de atracção e de organização para o fazer, mas agora tenho um outro problema; que empresas locais, que empresários locais com dimensão e ambição, com projecto que reflicta a gestão do design como mais valia para o negócio, que dados de mercado que substanciem estas estratégias, que produtos, que serviços. É um desafio, mas temos dois anos e, no limite, podemos sempre convidar empresas do país vizinho!

Tuesday, March 4, 2008

Designers, cuidado com o que prometem.

Eu sou um advogado da causa do design, não somente como ferramenta táctica mas também estratégica. Já fui visto a pregar a importância dos gestores entenderem e usarem o design como ferramenta de crescimento quer na época de deflação quer de abundância. O “design thinking” está a ganhar visibilidade em mercados mais desenvolvidos e até as escolas de negócio começam a usar o design como elemento estrutural de formação executiva.

Quando as coisas correm bem, as empresas focam-se no crescimento, na criatividade e na inovação. Mas quando a vida está difícil, as empresas viram-se para a optimização, produtividade e controlo de processos. Este é o ciclo da economia e faz todo o sentido, o que não faz sentido é assumir que é impossível ter-se inovação quando a economia está em baixa. Principalmente porque existem diferentes tipos de inovação, e o design é uma óptima ferramenta para re-estruturar um portfolio e para conceber soluções de crescimento incremental.

Mas sou o primeiro a sugerir atenção ao uso do design como se de uma ferramenta milagrosa se tratasse. Vender a ideia de que o “design thinking” levado ao seu ideal implicaria que os gestores pensariam todos como designers é perigoso por dois motivos; assumimos que eles não pensam como designers só porque não são designers (e isso muitas vezes não é verdade), prometemos demasiado quanto ao resultado do design, colocando em risco a própria inovação e o design. Não queremos que o design e a inovação vá pelo caminho do planeamento estratégico, que cresceu desmesuradamente como solução para todos os males nos anos 70 e depois houve um “backlash” que dura até aos dias de hoje, com algumas empresas a suspeitarem muito do seu valor como gerador de resultados.

Eu sei que em Portugal ainda estamos longe de usar o design como ferramenta de crescimento, em muitas, muitas empresas ainda estamos naquilo que chamo a era do pré marketing. Mas para qualquer dos efeitos, se tivesse que aconselhar designers que já estão colocados em ambientes empresariais ou empresários enamorados pelo design e pelo “design thinking”, diria para não menosprezarem as outras áreas, desde as mais duras como a optimização, aos recursos humanos e estratégia comercial. Não tentem converter, sejam especialistas em equipa.

Aos gestores fica a grande questão; vão juntar-se aos que abandonam o crescimento enquanto as coisas não assentam, ou encontram novas maneiras de crescer através da inovação?

Jornal de Leiria, Caderno Economia Fevereiro 2008

Monday, January 7, 2008

O tamanho importa... e não devia importar.

Não, não vou falar disso!

Estou a fazer um projecto para um cliente, e depois de um esforço considerável em compactar o produto nos limites da funcionalidade e ergonomia, chegamos a um tamanho que nos assegura tudo o que pretendemos. Passamos para a discussão da embalagem e o cliente, conhecedor profundo do seu mercado, indica-nos que temos que desenhar uma embalagem cerca de 30% maior que o produto, enchendo a embalagem com “algo”. Isto porque o cliente tem por experiência própria que a embalagem na prateleira necessita de ter um determinado impacto face à concorrência, caso contrario o consumidor não entende que o produto custe o mesmo (ou mais...) que a concorrência.

Não é a primeira vez que o assunto do tamanho aparente vem como tópico para cima da mesa. Já em tempos tive um outro projecto onde se discutia a robustez aparente, o facto de que um produto não precisa de ser robusto, precisa de parece-lo. No inicio da minha carreira, num projecto de ATM’s, fomos confrontados com cofres que apresentavam uma espessura 50% inferior com atributos superiores aos outros, mas o cliente impediu a evolução porque as pessoas do meio associavam espessura à segurança, e pronto.

Como designer industrial focado no utilizador, entender as percepções de qualidade, robustez, performance, etc. é uma parte importante da minha actividade. Como designer industrial interessado em diferenciar o produto do meu cliente do da sua concorrência, tenho que investigar processos de o fazer de forma peremptória e de preferência assegurando propriedade intelectual ao meu cliente. Mas como designer industrial responsável pela sustentabilidade das soluções com as quais estou envolvido, depois de um exercício sério de “more is less”, de uso adequado de materiais, de desenho de um sistema o mais próximo possível do “carbono 0”, fazer uma embalagem grande e enche-la com “algo” perece-me, no mínimo, questionável. No entanto, estou consciente da experiência do meu cliente e da necessidade do seu produto concorrer na prateleira sem recorrer a explicações ou informações adicionais.

Como fazemos? Quem pode e deve educar as pessoas a aceitar que os recursos devem ser poupados, que uma embalagem grande e colorida, com imagens a cores e filtros que nunca mais se degradam não implica necessariamente um produto melhor. Se por um lado o consumidor não gosta de abrir uma embalagem vazia, com um produto arrumadinho lá no fundo debaixo de uma montanha de lixo, não consegue desligar-se dos seus hábitos e percepções, não tem mecanismos que o ensinem e recordem como consumir adequadamente, no momento da escolha. A escolha acertada, para todos os envolvidos, obriga a compromissos, e não é isenta de riscos. Estaremos todos conscientes disso?

Jornal de Leiria, Caderno Economia Janeiro 2008

Monday, December 3, 2007

E os dados apontam para as seguintes conclusões:

Com o título “Portugueses pouco fiéis às marcas” o Expresso publicou alguns dados sobre hábitos de consumo de 31 países. Através dos valores apresentados, sugerem-se conclusões como o grau de pessimismo nacional, as preocupações mais importantes para o futuro, o nível de fidelização do consumidor às marcas.

Quem quiser relacionar estes dados com qualquer coisa que esteja bem ou mal no país, faça o favor. Eu escolho defender a tese que o design industrial é um elemento crucial no valor do produto e das marcas, e que isso se reflecte na competitividade nacional, nas aspirações e no bem estar dos Portugueses.

Para isto até avanço com alguns dados do meu lado.
. 83% dos designers industriais formados nos últimos 15 anos estão numa destas três profissões; ensino, designers 3D (espaços, stands, ponto de venda,...), outros (atendimento, desenho técnico, trabalho comercial, etc...). Dos que praticam design industrial, somente 2% acha que está a fazer aquilo que gostaria, 30% assumem-se como designer / produtor / comerciante, e 68% faz um pouco de tudo para poder fazer um projecto de design industrial de vez em quando.
. Das 3.563 empresas que dizem que fazem design industrial, 65% não tem um designer industrial na sua equipa, contratam quando necessário à tarefa / projecto. O preço médio do design industrial como tarefeiro é de 10€/hora. 72% dos designers industriais tem histórias para contar de acordos quebrados, contas não pagas ou pagas pela metade.
. Os projectos mais requeridos aos designers industriais são (industria) “pegue neste produto e faça algo igual ou parecido, mas mais barato” ou (agencias), “faça um projecto com imagens fantásticas; não se preocupe se pode ser produzido, é para convencer o cliente e depois logo se vê”;
. Uma das principais actividades dos designers industriais é ir a concursos, mas em Portugal são poucos e mal organizados (objectivos pouco claros, critérios mal definidos, jurados sem competência, regras de jogo leoninas, compensações ridículas,...).
. Por fim, dos 1.300 designers formados nos últimos dois anos, 92% sonha com ir trabalhar para o estrangeiro, 68% já enviou currículos e portfolio para várias empresas, 33% já foi a entrevistas a pagar do bolso deles e 15% dos mais talentosos arranjaram emprego no estrangeiro. Destes, 85% está contente e não quer regressar a Portugal tão cedo.

Estes dados são falsos, correspondem à minha percepção da realidade. Pena não haver uma instituição nem associação que se dedique a avaliar o estado do design industrial em Portugal e que tire dai as conclusões devidas. Quer do ponto de vista da educação, quer do emprego dos designers industriais, quer do potencial perdido na industria e nas marcas nacionais, quer do impacto do design industrial no bem estar e na confiança dos Portugueses.

Jornal de Leiria, Caderno Economia Dezembro 2007

Sunday, October 28, 2007

Visionários e investidores para projecto de educação a médio longo prazo precisam-se!

Fui pela segunda vez convidado para fazer parte do júri de avaliação dos alunos finalistas do ISD – Institut Supérieur de Design em Valenciennes, a norte de Paris. A Escola comemora 20 anos, tem formação de topo em design digital, transporte e produto, com 100% de alunos empregados nas melhores empresas de design e industriais Franco Belgas mas não só. Desde que contratou uma pessoa especificamente para a colocação de estudantes noutros países, conseguiu atingir 40% de estudantes colocados no mercado mais exigente para o design industrial, os EUA. Isto por sua vez fez triplicar o número de inscritos no instituto e deu origem a um circulo virtuoso de reconhecimento da Escola, da zona, das empresas empregadoras e de França como país com design de origem. Em 2008 vão abrir um polo com design digital em Pune (Índia).

Existem mais razões de sucesso par além do trabalho desempenhado pela responsável de colocação internacional (esposa do Design Director do primeiro empregador de produto...), tal como 3 períodos de estágios curriculares de 6 meses para todos os alunos, a existência de um tecido industrial Franco Belga que valoriza o design e contrata os estudantes, um polo de marcas automóveis e fornecedores de primeira linha (a Simoldes Plásticos entre eles), o apoio incondicional da Câmara local que faz tudo ao seu alcance para manter a Escola feliz, uma lista de parceiros de negócio fortes (entre eles no software 3D a Autodesk/Alias Studio), um Júri Internacional pago para estar presente dois dias para avaliar e pontuar os alunos (a nossa avaliação pesava 40% na nota final!), eventos de promoção e marketing onde os alunos se “vendem” perante o mercado dos futuros empregadores, etc.

A Escola Superior de Design de Aveiro está a fazer um bom trabalho, tal como a Escola Superiora de Artes e Design das Caldas da Rainha. Mas quando estava em Barcelona como director de design, recebia centenas de currículos de estudantes de todo o mundo, e fiquei sempre mal impressionado com os portfolios dos alunos de design de escolas Portuguesas. Acabei por contratar vários alunos do ISD e um ou outro Português, por acreditar no seu talento. Ficava triste por todos reflectirem um portfolio desajustado à realidade empresarial, por revelarem a sua falta de integração com a industria, pelo facto de não conhecerem alternativas adequadas às suas aspirações e formação.

Tenho um licenciatura de design industrial aprovada pelo Ministério de Educação numa prateleira de um Instituto local, a ganhar pó. Tentei colocar a mesma de pé, mas possivelmente por fala de jeito nem consegui atrair um número mínimo de estudantes. Há empresas industrias, de serviços, políticos, empresários e outras pessoas de visão interessados em colocar de pé um projecto a médio/longo prazo de educação em Leiria? Já sabem onde encontrar-me!

Jornal de Leiria, Caderno Economia Setembro 2007

Wednesday, September 26, 2007

Fotos de momento


Isto de ter um telemóvel que permite fotografar no momento é interessante. No entanto, a ferramenta não faz o artista, e nem a disponibilidade e a qualidade da máquina nos salva de milhões de imagens sem interesse algum. Não deixa de ser interessante que a Internet está cheia de imagens, mas nunca encontramos aquela que procuramos, a que corresponde 100% ao que procuramos.

Chega de devaneios! Aqui estão algumas fotos que eu tenho tirado, coisas e loisas que se me cruzam pelo caminho. Valem o que valem!

Uma Zundapp!
CCCB pavement art

Ditados esquecidos...



Lá no meio alguém escreveu "Go vegetarian!"


A boa educação é uma coisa rara...
Eu também!

O ciclo da não decisão pelo design

Chegamos a Setembro e eu penso sempre que as coisas vão ser diferentes. A sério, para os outros meses há sempre uma justificação para não se tomarem decisões, e habituamo-nos a que as empresas a sério tomam as decisões para o ano seguinte em Setembro. Todos os anos penso que aquelas empresas com quem tenho trocado orçamentos e revisões, propostas compactas e sumários executivos durante o resto do ano, chegam a Setembro e decidem, decidem pela aposta no design. Afinal, parece que cada ano há mais justificações, parece-me que no panorama internacional o sucesso do design como ferramenta de negócio é inquestionável, já não necessitamos de citar sempre a Apple. Em Portugal até um agora eleito Presidente da Câmara convidou designers para discutir a cidade. Mas chego ao final de Setembro desapontado, novamente.

As empresas que inovam com o design, continuam a inovar; as outras continuam a julgar que se pode dar cabo da concorrência ou simplesmente sobreviver com ajustes ao produto e quota de mercado. O facto da Nintendo Wii, a mais fraca das plataformas de jogos com menos jogos, menos potência online, etc., ser a que mais se vende estando sempre em ruptura de stock, não serve de lição sobre o uso do design na definição de uma experiência impar. Talvez, mas é um caso distante de um sector que não tem nada a ver com Portugal. Mas então e o caso dos Croc’s, num sector como o do calçado onde supostamente temos activos a proteger? Temos a Geox, é um facto. Uma das empresas que inova com design, e continua a inovar.

Quando será que as empresas nacionais, em todos os sectores onde temos tradição e activos, reconhecem de uma vez por todas que, se estão no mercado e em concorrência, devem pelo menos apostar no design como uma das categorias onde podem ser os melhores. Talvez não possam competir no tamanho, nem na capacidade de investimento, mas podem aproveitar o facto de existir uma sobre produção de designers em Portugal e apostar no design. Não serve de nada etiquetas a identificar produto nacional, ou explicar às pessoas para prestarem atenção ao 560 nos códigos de barras, interessa conquistar a mente e o coração dos Portugueses, dos Espanhóis, de outros Europeus e Norte Americanos, no mesmo plano de acção, no mesmo campo de batalha, na prateleira lado a lado.

Estou farto deste ciclo da não decisão pelo design, deste eterno protelar. Se o Natal é quando um homem quer, pois que a decisão a favor do design seja todos os meses, de uma vez por todas.

Jornal de Leiria, Caderno Economia Setembro 2007

Design do bonito e do feio

Estou certo que conhecem os Croc’s. Os Estados Unidos são prolíficos na criação de novos mitos do consumismo e este é o último case-study na berra. Para os que porventura não conhecem, tratam-se de uns sapatos (socas? sandálias?) em plástico (especial, cores vivas) com buracos, que agora se vê nos pés de todo o mundo. Reza a história que no ano de 2002, 3 amigos que faziam vela decidiram “desenhar” os sapatos perfeitos para a vela; empreendedores como são (...), juntaram algum dinheiro e fizeram os primeiros 1.000 sapatos que levaram a uma feira. A todos os que comentavam que os sapatos eram feios, eles retorquiam “mas experimente e vai ver”. A empresa cresceu (exportam para 40 países, este ano vão fabricar 20 milhões de pares) e fizeram a mais bem sucedida IPO do mercado do calçado.

Não vou questionar os buracos desta história, nem da mitologia que ela consubstancia. Vou sim pegar num comentário que alguém maliciosamente fez após a leitura de um artigo sobre o fenómeno, algo do tipo, “vêem como um produto sem design pode ser um sucesso de mercado!”. Esta pessoa fez este comentário para me picar, em vez de lhe responder à letra retorqui que provavelmente também não tinham plano de negócio e mesmo assim cresceu como negócio (é um facto, o financeiro só entrou mais tarde).
Aproveito para fazer o discurso em defesa do design, simplesmente porque acho que o comentário decerto ocorrerá a outros Na verdade, não existem produtos sem design, esse pode ser acidental, histórico, funcional, propositado, elaborado, copiado, etc. mas nunca inexistente. A busca de uma solução 100% funcional (dependendo de que parte funcional falamos, motora ou emocional...) por vezes gera produtos com um aspecto básico, directo, ou como se diria nos tempos modernos “no frills”. Comenta-se por vezes que é um design “honesto” e existem vários casos de sucesso similares. Há neste processo um sem número de decisões de design, que podem ter sido tomadas ou não por designers, com ou sem retribuição financeira. Eu prefiro qualquer tipo de design ao design descuidado (simplório, insultuoso), ou pretensioso (é assim porque eu gosto). Se por um lado os Croc’s iniciais eram um caso de sucesso sem um design refinado (hoje tem 22 modelos e design para todos os gostos), também ninguém me saberá dizer qual o resultado de um processo similar em tudo, mas com a atenção ao design de umas Birkenstork (também muito confortáveis por sinal). Alguns ainda poderão alvitrar que se tivesse sido necessário pagar a um designer, isso tornaria o produto mais caro. Deixem-me vos dizer que os custos do design neste processo todo provavelmente não ultrapassaria os 0,3% do investimento, sendo plausível que gerasse mais do que isso em vendas. De qualquer forma, este para mim é um bom caso de design, de negócio e de empreendedorismo.

Jornal de Leiria, Caderno Economia Agosto 2007

O design do marketing

Fui convidado a participar numa formação para executivos que uma reputada universidade organiza amiúde, sobre marketing e inovação na distribuição e retalho. O convite era para um módulo sobre desenvolvimento de novos produtos, algo que entendo ser especialista. Cedo, e em conversa com o responsável, identificamos uma oportunidade para inovar. Desenhámos a realização de um primeiro módulo com teoria e casos, a separação do grupo de trabalho em quatro e a definição de um projecto de integração do saber acumulado nos diferentes temas no desenvolvimento de um novo produto ou serviço, que seria apresentado num segundo módulo no final da formação. Para ajudar a pensar e a comunicar, coloquei à disposição de cada um dos grupos um designer externo que dedicaria um tempo limitado a cada projecto. Depois de alguma ponderação por parte da universidade, avançamos e o projecto decorreu durante dois meses.

A experiência de relacionar designers com executivos foi interessante, arrisco a dizer que não são muitos os designers que circulam no perímetro deste local de ensino. Estava particularmente interessado em que o grupo usasse os designers como elementos da equipa logo desde o início, usufruindo da maneira particular de pensar e das ferramentas de comunicação dos designers. Isto sabendo de antemão que existiria uma tendência para pedir ajuda aos designers para fazer uns “bonecos” no último dia.

Independentemente das dificuldades inerentes a este tipo de experiências, o resultado penso que foi muito bom. Mesmo tendo em conta que num dos grupos o designer não fez nada porque o grupo só lhe pediu bonecos no último dia, noutro o designer a meio foi obrigado a zangar-se porque não o estavam a envolver adequadamente, noutro o designer fez 80% do trabalho e somente num dos casos houve trabalho de equipa, integração e inovação.

Não deixa de ser curioso que a tentativa de aplicar conhecimentos adquiridos num projecto centralizador, ou que o uso do design como ferramenta para estruturar e sistematizar o problema, sejam consideradas inovações. Na conversa final com os designers, satisfeitos mas críticos com o reconhecimento do valor do design nos meandros do marketing da gestão, relembrei-lhes que tinham que fazer uma aposta na formação dos executivos, pois seriam estes os seus futuros contratadores. Na conversa com os executivos aparentemente perceberam que o design e o “design thinking” serve para mais do que fazer bonecos. Espero que estes executivos e estes designers façam coisas boas e inovadoras com base nesta experiência.

Jornal de Leiria, Caderno Economia Julho 2007

Tuesday, June 12, 2007

Um código deontológico de contratação.

No passado dia 4 de Junho decorreu o primeiro encontro de empresas de design em Portugal, com o objectivo de discutir as "práticas de trabalho nocivas que se instalaram no mercado" – leiam-se concursos. Estiveram representadas mais de 120 empresas das 138 inscritas, espera-se que para o ano tenham subscrito um acordo deontológico.

Basicamente, as empresas de design encabeçadas por quatro mais indignadas, querem regrar a existência de concursos pois neste momento o mercado funciona da seguinte forma; qualquer empresa, de qualquer dimensão, para qualquer projecto e de qualquer dimensão, convoca um concurso de design ou de “ideias”, “convida” um conjunto de empresas de design, não dando a conhecer quem convida e podendo com isso convidar empresas que não jogam no mesmo tabuleiro. Coloca um desafio, na maioria das vezes mal colocado, com um prazo limitado para a sua execução (quanto menos tempo, melhor...), não paga aos “convidados” mas promete um prémio na maioria das vezes no limiar do insulto. Não esclarece quais os critérios de selecção, não tem designers no júri (num concurso de design...) e no final, como se não bastasse, tem o direito de achar que não houve “participações à altura”, anula o concurso e não atribui prémios. Isto sem mencionar as que abrem o dito concurso para justificar decisões já tomadas.

Não sou muito de me lamuriar, e sinto-me velho porque já fui a muitos eventos de designers a lamuriarem-se. O mercado é o que é, e com a quantidade de designers a saírem das escolas todos os anos sem rumo e sem formação adequada, “dumping” e canibalização de preços é um dado adquirido. Como sempre, somos parte do problema e da solução, e no final se as empresas dissessem simplesmente “NÃO”, o assunto resolvia-se. Ou não.

Sejamos lúcidos, cartel e lóbi existe, em todos os mercados e sectores. O design como profissão é muito recente e como grupo profissional somos pouco maduros, só este ano podemos assumir o termo designer para efeitos de IRS, temos um Centro Português de Design que não pode fazer nada porque está a pagar as dívidas das direcções anteriores, duas associações a fazer uma trabalho de metade de uma, e nem uma Ordem conseguimos ter!. Uma coisa é certa, temos que fazer algo. Só não sei o quê porque não acredito que isto se resolva com acordos deontológicos.
No final, se as empresas acharem que ganham algo fazendo este concursos, que muitas ideias é bom independentemente da qualidade, que quanto menos se disser melhor, que não é preciso pagar por uma coisa que se pode obter grátis ou barato, quem precisa de um código deontológico são as empresas, não os designers!

Jornal de Leiria, Caderno Economia Junho 2007

Thursday, May 17, 2007

Eu não pago para pensar!

O design está a passar por uma fase interessante. Queríamos ser melhor compreendidos e há 3 anos um editor de peso da Business Week, Bruce Nussbaum trouxe o design para a ribalta, primeiro com os prémio IDEA e depois com um canal sobre inovação na Internet. Mesmo com a eterna confusão com os termos design e inovação, o design a ser tratado por uma revista “mainstream” foi um passo importante. Mas desde início e, influenciados pelo fenómeno da Internet 2.0 e sobre a participação das pessoas na criação de conteúdos, havia uma visão do design onde os designers e os consumidores se misturam num só e se perde a visão de quem é quem. Ora o Bruce em Março foi a uma prestigiada escola de design nos EUA e fez uma palestra com o título “Are designers the enemy of design” , texto esse que depois acabou no seu canal da Business Week. Depois, a também prestigiada revista NextD convidou 50 agentes do design para comentarem o artigo. E apareceram todo o tipo de comentários, defendendo a profissão, agredindo o autor, justificando, colocando mais questões. Um dos argumentos mais discutido pelos diferentes comentaristas é o facto do designer não poder ser separado da estrutura comercial e profissional onde está inserido, sendo o seu poder de definição do objectivo e de colocação do resultado no mercado limitado.

Lembrou-me uma reunião que tive em tempos com um cliente em Portugal que me disse textualmente que não pagava para pensar, pagava por resultados. Ele reconhecia que era preciso pensar para se chegar a um resultado, mas ele não queria ser cobrado pelo processo, somente pelo resultado. Implicitamente, ele estava igualmente a dizer que se o resultado não fosse o esperado, ele não pagava. O designer inserido num sistema económico e dependendo do seu trabalho para sobreviver, tem duas alternativas; investe e pensa para chegar a um resultado, ou não pensa e apresenta um resultado com o mínimo de investimento possível. Quando opta pela segunda alternativa e acerta com o que o cliente espera, o designer sabe que não pensou na resposta, mas o resultado validou o processo ou a sua ausência e, segue em frente. O desejo de que depois pensamos raramente se realiza, e quando o fazemos numa etapa do processo onde já devíamos estar a fazer, vale o que vale.

Neste sentido os designers estão a ser inimigos do design, dos consumidores, de todos. E os clientes que acham por bem não pagar para pensar?

Jornal de Leiria, Caderno Economia Maio 2007

Monday, May 14, 2007

Jimi Borgue

Algumas vezes, como elemento de ilustração dos meus pensamentos e devaneios, conto com as ilustrações do meu talentoso amigo Jimi Borgue. Prefiro não fazer grandes elogios, acompanhem com os vossos olhos e digam de vossa justiça.
Obrigado Jimbo!

Sometimes, as someone who ilustrates my toughts adding his own vision, I can count with the work of my talented friend Jimi Borgue. I prefer not to elaborate nor compliment, keep coming here and check with your own eyes.
Thanks Jimbo!

Nova localização, nova etapa.

Mudei as minhas "coisas" do weblog que tinha no servidor Mac para o Blogger.
Tudo o que está com a mesma data de hoje já foi publicado em tempos passados.
Tudo o que for publicado a partir de hoje vai respeitar a data de publicação.
Bom consumo!

A system in need of design

I have been, along with a small number of people from my workplace, “teaching” a product innovation class in a local design school. They are third year students that have gone through a schooling process and will be out in 6 months, looking for a job. A few days ago we met one of their teachers, responsible for “methodology” in the first year, someone who sat down with the students and gave them directions on how to conceptualize in design. He is now going to pick up the same students he had in the first year and maybe try and understand how much of his so called methodology is still in use, maybe build on that. I hope he is able to correct his own methods based on what he finds out from this experience; or perhaps not! He showed me work he did with these students in the first year, A3 boards filled with black & white scribbles and drawings, organized in some organic fashion, symbolizing conceptual exercises the students did. These same students the other day, after me and my colleagues gave them 5 solid classes without letting them drawn a single line asked timidly “what can a designer do in the midst of this complex mess”. They were referring to the applied innovation process we are sharing with them, where you have to understand context, actors, needs before diving into solutions – something natural for a designer. A long story to state something obvious; we have a problem.

Now think about this, there is more than one way to look at it.

I believe some people, including in my own workplace, would say this is the typical problem of a design school being completely detached from the reality of design nowadays, preparing designers to be designauthors instead of preparing designers to identify, understand, think and act upon the system where products are inserted; ah, yes, CONCEPTUALIZE. They would say that schools are still focusing on producing nice looking designs, instead of teaching them about process. They would say that these schools, the curricula and the teachers are responsible for “producing” designers that are put out in the market without the ability to work as design specialists in teams, without scope and vision, without solid methods to produce really valuable designs.

Now I go back to that young designer’s timid question “what can a designer do in the midst of this complex mess”. We all start with the utopian “save / improve the world” typical designer attitude and the basic skills and methods a designer starts with – sketching and drawing skills, extended into a visual and oral communication ability. Then we learn how to think, become more aware of the material world around, of people and of ourselves, we build on our own skills and define our professional ambition. Yes, a lot of us want to be Starck’s and Ito’s, we are not the only profession producing icons that reflect a certain lifestyle and coolness, I am sure student architects want to be Foster’s and Calatrava’s and student painters Bacon’s and Rego’s. It doesn’t really matter if these icons are, above all, entrepreneurs in their business, managers of small to large teams where a lot of other professionals work without recognition. They are actors in the material world, the same material world where designers act.

The whole issue starts with a disregard for these basic designer skills. The whole thing started when schools stopped filtering designers that didn’t have these basic skills, when the profession of industrial design opened to anyone, no matter if you could communicate visually (above all) or not. It mattered if you could think. Ah, yes, think! But Hey, Mischa Black stated that sketching was thinking with your hands, and if you really SEE a designer sketching, you will understand exactly that. Through sketching, he is exploring possibilities, taking into account everything that engages with the product, maintaining focus on the solution as a sum of all worries, of all opportunities. The moment you state that a designer does not need to know how to sketch, think while you sketch, you open the door to designer friends and foes – today, you can have a design degree and hardly know how to think with your hands. You open the door to design planners, to design managers, to design lovers and critics, to designer wannabies. A lot of these, recognising that they can’t sketch, will engage into devaluating this essential part of designing and become, in fact, designer’s worst enemy, an enemy from inside that uses the ability of others to raise his profile.

I never though I’d make this analogy, but here I am... It’s a little bit like football (European, I mean). Everyone loves to take a shot at the players calling them dumb. Of course, we measure their thinking ability by the spoken word, usually through television. It never occurs to us that these people are specialists and they function in a different hemisphere. Cultured journalists know this, but they don’t care. We appreciate a player that is able to score, but above all, a player that “thinks”. The reality is that they all have to think with their feet, some think better than others, but this thinking HAS to result in goals. The football business is also filled with football planners, managers, lovers, critics and wannabies. Just like in other sectors, the football business is filled with people that make a lot of money from the system without ever touching a football. But contrary to the field of design, we make no confusion about who is the football player and who isn’t. It is far from a good system, but I believe it serves the purpose.

Maybe the kid has a good point. I believe we need to go back to being designers and understand that the complex system where products are set needs to be tinkered by professionals and each should know their job. The job of the product designer is to change, alter, break, elude, circumvent, push the system tough design, through the clever convergence of all possibilities and opportunities in a product. That’s also when innovation occurs, real innovation only exists when you change, alter, break, elude, circumvent, push some part of a system. Though design is still the best tool to do more of the same when you can’t / won’t touch the system... Products are good system changers and designers are good change drivers. They are not the only ones, you can change logistics, finance, production standards and innovate the system. In fact, strong and lasting innovation is when you do this in various parts of the system, various NODEs. The iPod (I know, I know, but it is a bloody strong business innovation) is a product driver in a sector that has been changed dramatically from inside, from how you download music to how you pay for it. The system had to be changed in order for innovation to take place. The product is a driver, it is the sum of all opportunities that the system provides.

Designers, let’s get back to designing, let the other guys tinker with the other parts of the system.

Did you say INNOVATOR?

Pop stars complain of their continuing exposure to the media and the media continuously reminds These three traits have been the part of the designer’s playing field from start. That doesn’t mean other people may not do it, be my guest. But don’t get a hold of these traits without taking on board the responsibility they imply, you might be tampering with things that work well but in your hands end up producing poor results. And then you might think that innovation, diversity and prototyping are not that good. Instead, think about how you use these traits and, above all, please understand the value of the designer in your business.them that they live off this exposure and should learn to accept the responsibility of being pop stars. Every action we pursue generates a reaction, and therefore this present fad that everyone wants to be an innovator should be clearly understood as a responsibility. I want to talk about three major typical designer responsibilities and give a word of caution to all those that want to appropriate them lightly. I am talking about innovation, diversity and prototyping.

INNOVATION ≠ REALITY
I am a trained industrial designer, and I was educated to have my pet enemies, just like architects and MD’s. My pet enemy then was engineering. Basically we were taught to work with them but learn enough about their area so that we should question their options, their solutions. We were fed a number of stories that taught us the danger of accepting face value when an engineer told us “this is not possible”, we were trained to question this reality check, to push forward (with or against them...) the boundaries of reality. So, many of us chose to work with engineers that understood the importance of experimenting, conceptualizing, developing non existing solutions, and the market is full of success stories of good partnerships between designers and engineers that understood this balance.

Later, the pet enemy became marketing. We were educated to question the idea that the market was the dictator and the prescriber, that marketing was a science. We were fed numerous stories, from Akio Morita and his quest to launch the first Walkman just to prove that someone’s vision and “gut feeling” was just as important as a market study. There are endless cases proving that it is not true that you can ask people what they want and they will tell you, just as it is not true that if they tell you it will or will not sell it will become true. To this day, there are companies that engage in design and innovation exercises and then validate through more or less manipulated market studies the results, just to respect internal marketing mandates that “everything needs to be market tested”.

Recently, it was the business manager, the trained manager with his MBA. The designer had to be able to prove that his idea was financially sound from start, otherwise it wouldn’t move forward. This trend was fought from various starting points; Peter Gorb taught design management at the London Business School some 20 years ago in an effort to pass on to managers some of the specific and contextual background of design. A large number of designers went into business schools to learn the language of business. There have been endless efforts from numerous organizations into the development of methods that could justify the investment in design, in the assumption that if you prove this from start you might get away with not having to prove it every time you do a project.

All of these pet enemies exist for a main reason; design must question reality in order to become valuable. It is a question of paradigm, and the existing one (in the last 100 years) is one of mathematics, not emotions and gut feeling. So there is a constant pressure from the market to make design comply with reality, prove itself through numbers, structure and organize itself just as other paradigm aligned professions do. And then society, not only designers, generate design heroes that do exactly the opposite. When designers mention Philipe Starck, Ron Arad or Ross Lovegrove as their heroes, they do it out of respect for their assumed attitude towards engineering, marketing and management. The stories that are told are stories of products, ideas and solutions that went forward because they pushed the boundaries of their profession and many time the boundaries of other professionals and sometimes professionals themselves.... If you meet these people, if you listen to them, you will see what I mean. They do not take a no for an answer, they do not accept “this is not possible”, they do not feel the need to prove before start that their solution will be a success. If it is true their choices also encompass failure, they recognise they may get it wrong, but the possible/tested path is also filled with failures. And the reality is many companies pay and audacious amount of money to these people but not all companies know what to do with the result of their work, it takes a special company to work with talented designers. Now everyone talks about Apple, as if this was something new. Behind it a famous Jonathan Ive (for designers) and even more famous Steve Jobs, the closest thing we have to a design entrepreneur nowadays.

Innovators seem to be the pet enemy of design for the near future. Especially reality based / applied innovators, because it seems that the three cited enemies all got together to create a common foe. Innovation, for these people, is the clever mixture of engineering, marketing and management, with design to dress and communicate the so called innovation. It brings in vast doses of reality, from the “what is possible / feasible /client can do” of engineering, to the “what the market / users want” of marketing, to “what sells, what is more cost effective” of management. Since design is not grounded in this reality, it is grounded in a non existing reality based on improvement and unsatisfied needs and desires, design is not a equal part to this innovation, it is used as a selling device, a communication tool. The reality is that the majority of these so called innovations are not really that innovative, and that the results, from a designers’ point of view, are poor and unpleasing. Worst yet, a large majority of them FAIL as a business success, something that should once and for all make us question this so called reality based / applied innovators.

Just as with other pet enemies, design has let the fads move back and fourth and has continued doing its job, with engineers / marketing and managers that excel, that understand the value of design, without assuming too much prominence. And every time one of these fads rises too much in the agenda, design seems to be there, sharing the agenda, side-by-side, without doing too much about it and, typically, not in an organized manner. When the fad passes, or fails to fulfil its promise, they always go back to design.

DIVERSITY = RESPONSIBILITY
In France youths burned down vehicles, in a rage response to a so called failure in the REAL integration of the different cultures that migrate to this country. In companies, people are not yet burning down their boss’s cars, but they are manifesting their unhappiness in many other ways. The reality is that diversity brings a responsibility, and companies want this diversity but don’t always understand the effect and the responsibility of that diversity. On of my chiefs the other day talked how the organization he worked in before was filled with people that dressed the same, wanted the same from life, went to the same places, and that our company had a large diversity of people, different backgrounds from different cultures. I felt there was a certain “those where the good old days” sound to it, since a system made of very similar people might be more boring (his words), but it reduces considerably the noise and the disruption typical of a diverse ambient. This diversity, this aspirational merge of cultures does not form a distinct and integrated culture just like that. As with cities, these cultures end up creating their ghettos and areas where they exercise their habits and limit other cultures. It all seems to work till there is a spark that ignites the fire, and then everyone talks about the obvious, that there isn’t an integrated culture. Old companies sorted this out easily, they separated these people in groups and basically they didn’t meet except on office days, where they could all exercise their social skills.

There is an intrinsic issue to diversity, also part of what we have seen in Paris. The first step for a system that really values integration is the valuing of each of the components of that diversity. People that migrate and do jobs that no one else wants to do want to be just as respected as others that are doing similar jobs. This recognition of their value renders implicit another important issue; retribution. Everyone now talks about the fact that these people live in foul places, with very little investment and care from their public institutions, and this results in the typical poverty = violence syndrome.

Let’s not forget that, jut as the migration phenomena is irreversible, professional migration is also a fact. With the globalization of educational standards in the so called occidental world, no longer a company can afford not to have diversity, unless they accept that you should always hire local even if that means not hiring the best prepared, interesting and open minded. But also the person that is hungrier, more ambitious and most of the times, cheaper that local resources.

So the questions a business entrepreneur might ask himself are:
- If you feel that diversity is an important ingredient and a sales driver, do you understand the implications of that diversity, the responsibility of having people from different backgrounds and culture in your company?

- Do the methods and processes in your company recognise the value that each component of your diversity brings into your result?

- Does your Evaluation & Feedback and retribution / salary packages recognise what each of these components identifies as being valuable?

- If you accept that this diversity is only valuable as long as it stays diverse, how much of your company culture are you prepared to put at risk in order to allow more cultures and identities your company?

PROTOTYPING = GETTING YOUR HANDS DIRTY
Everyone talks about prototyping as an essential tool for innovation. Prototyping is an exercise in risk cutting, a tool geared towards giving us comfort about the possible performance of a system, but is no different from a business plan or a marketing plan – performance simulation tools. Though everyone accepts the benefits of prototyping, no too many people talk about the risks of prototyping. Especially, no one seems to talk about the implications of prototyping.

Here are a few of them:
- Prototyping means exercising possibilities, experimenting, accepting trial and error. Though we seem to want to separate invention from innovation, prototyping is where invention meets innovation. The best functional prototypes you may find are in Brussels every year. These inventors go to a lot of effort to simulate their invention, their idea. They use designers and model makers, but many times they do it themselves, since they like experimenting and are at ease with trial and error (also because they can’t afford to pay professionals and they have a problem in convincing people with money about the commercial success of their invention). The reason a lot of these inventions fail is lack of design, and of realism that comes from engineering / marketing / management. But let’s be clear, a lot of these inventions would fail if they had a serious reality check, and this still doesn’t mean they couldn’t be successful, it just means they didn’t pass the reality check.
- Prototyping is not reality and is no guarantee of reality. No matter how much effort you put into it, you cannot simulate reality. Even the most “real” prototypes contain large quantities of assumptions and solutions “as if”. In the plastics injection area, all prototyping technologies up to date simulate close to reality but do not reflect the reality of an injected plastic – not through STL or SLA, not through final material machining, not even through RIM (Rapid Injection Moulding). And this is one area where some investment has taken place to find almost real prototyping solutions. In business colleges where industrial marketing is taught with the use of expensive mainframes and software that simulates market reactions, everyone knows that scenarios change dramatically when you change a comma in one of the assumptions.
- Prototyping is prone to manipulation, just like all performance simulations tools. Prototypes lie, just like business plans lie. They are used to forecast, reduce risk and assess investment but the reality is that they become tools of manipulation depending on who is using them. Just like code when handled by hackers, they can easily become either virus or cure. Many organizations fail to attain their financial and business goals, nevertheless that doesn’t seem to kill them. Many prototypes fail to portray what will in fact take place, but they serve their immediate objective which is – to assess what are the main obstacles / focus areas and to convince some people that this will work. A friend of mine did a prototype of a self heating mug that blew up in the client’s office, throwing soup from floor to ceiling and all over the team. Does this mean that the idea is not good? Or even that the prototype is not good?
- Prototyping means getting your hands dirty, or being able to work with people that dirty their hands for a living. Getting your hands dirty is not fashionable anymore. The more designers dwell into the consultancy area, the more they want to distance themselves from the dirty hands environment of prototyping. They happily substitute the tinkering type of environment where prototyping thrives for paper filled offices and computers. But the reality is that prototyping and all that is involved implies dirty hands. Either that or something which is also not fashionable in consultancy environments – people that dirty their hands for a living. This type of person, a hands-on curious person that doesn’t read things from the Internet, rather collects and tinkers with things, projects things that don’t exist through gluing / soldering and patching things, uses cardboard to make scenarios, runs around the offices with semi assembled things and asks people to use /drop / eat / blow it up. This type of person nowadays is considered a “persona non grata” in the office and the majority of cases companies create a ghetto for him, somewhere in the basement, away from clients. In reality, this person is a great help for people that don’t want / know / have time to get their hands dirty and should be in the centre of the room, open to be visited invaded by curious and participative colleagues – making other people think and innovate.

These three traits have been the part of the designer’s playing field from start. That doesn’t mean other people may not do it, be my guest. But don’t get a hold of these traits without taking on board the responsibility they imply, you might be tampering with things that work well but in your hands end up producing poor results. And then you might think that innovation, diversity and prototyping are not that good. Instead, think about how you use these traits and, above all, please understand the value of the designer in your business.

Reality innovation

Two weeks ago Sisters of a Down stated when receiving an MTV award for the Best Alternative that “civilization is a fck... failure”. Nice statement in front of a hundred million people, typical of an alternative band who wants to call for attention, you would say. In the same ceremony, Madonna calls to the stage Bob Geldof and hands him the award for Free Your Mind. Appropriate, you would say. After all, he is the guy that put all those hungry African children faces in front of our eyes 10 years ago and now did it again. It seems we are now completely untouched by them, but he did manage to put together a nice quantity of money and everyone believes this is going where it should go.

I have just seen Isabel Coixet’s film The Secret Life of Words. She is definitely capable of arousing deep feelings and make your eyes water, she can tell a love story with very few words and things are always in the verge of erupting, but they never do. What affected me was the girl’s story about her trial at the Balkans, where she was held prisoner in a hotel by her OWN army, together with 15 other women, and was repeatedly raped, even by ONU troops. The scene where Julie Christie, playing the role of a representative of an organization that deals with this issue, stating that there were MANY, MANY like this girl and asks him if he didn’t read the papers 10 years ago, made me very uncomfortable.

I was a grown man when both these events took place, I saw both the hungry faces of the African children and I remember reading the horror stories in the Balkans. I didn’t do anything. I didn’t cry, I didn’t stop what I was doing and went there, I didn’t send a fat check to some institution (I didn’t have it, but that’s beyond the point). So that makes me a bad person, and if there is a hell, I will probably have a seat waiting for me on isle J.

Now think about this.
For every guy that does one of the things I said I didn’t do, there are at least a million that didn’t do anything. That is an awful lot of bad people, when you do your hell heading headcount. And these people, including me, are really not that bad, just like the people that did something are angels on earth. But something is really screwed up with civilization because this shouldn’t happen. I shouldn’t be able to live with myself knowing that there are so many million children dying of hunger when there is so much waste around me. I should not be able to live with myself knowing that in a country right in the heart of Europe, people are doing to each other what they did in the Balkans. And HEY, there is TODAY plenty of these situations around, the children are still dying and there is somewhere, right now, closer than we would expect, doing something terrible to his fellow man and woman. So where did we go wrong, what can we do?

We need to innovate in what really matters. We need to innovate in the way we FEEL, in the way we LIVE our lives, in our ATTITUDES. We have to innovate in the way we COMMUNICATE reality, since it is clear that a hungry face won’t move a million people. We need to innovate in the way we deal with POVERTY and VIOLENCE, we need to innovate in the way we deal with MONEY and WEALTH. Damm, this would really be innovation and I would love to be part of this process. I wouldn’t even mind being a guinea pig and have others test on me these innovations, help me become a better person, help me sleep better. Knowing IS NOT enough. Seeing IS NOT enough. Feeling IS NOT enough. So, what does it take? Can we do Reality innovation, innovate where it REALLY matters?

Sustainabullshit!


Sometime ago I grew aware of the need to separate the garbage at home. I read somewhere the huge amount of trash we produce and I noticed it became fashionable. I wanted my son to be proud of me and know that his dad did his share when it came to creating a better world. I had been improving this so called habit as I moved from house to house, I recently had a three container system, colour coded recyclable plastic bags and I got upset when I found a piece of paper in a container where it was not supposed to be. I even separated the plastic spouts that Mr. Tetrapak kindly puts in his carton milk pack. But in the last months I decided to put everything in one large bag (it is so easy, so comfortable, sooo cool to see the whole thing mixed in one bag...) and then happily take it to the trash can and dump the whole thing without any shame. I am a BAAAADDD citizen you would say.

But think about this. Everything in this world runs on money and the recycling business is a full blown money generating system, just like any other. What bothers me is that the system ignores me from the benefits point of view. It hits me with moral and ethic crap through the media, makes me work at home, tries to make me feel embarrassed if I drop the one large garbage bag in the general container, but forgets me when it comes to sharing the system’s benefit.

A few things that are hypocritical, from my point of view:
• Mr. TetraPak says he cares about the environment, but he continues to put aluminium foil inside carton based packaging, prints the nice pictures with God knows what type of inks, adds a plastic spout and on and on. Not to mention how and where packaging is made and the whole issue of social responsibility. I believe he could do more, and better, and with no bullshit about the fact that he did the best possible package for ME. It is all about HIS investment and the investment of his fellow machine buyers and brand owners, and they all make a LOT of money in this business.
• Mr. Danone says he cares about the environment, but he packs everything in nice complex packs, the more innovative = full of weird attributes, the better and more differentiating. He jumps in the wagon of the monodosis = more small packs for things that could be used in 1Lt. bottles, and on and on. He does not use innovation and R&D to make really useful and environmental packaging, assuming this as a REAL priority, does not pressure Mr. Tetrapak to do it and, makes a LOOOOTTT of money.
• Mr. Carrefour says he cares about the environment, but he sells everything in packs, the more packs the better. He competes with the brand owners and invest in his own brand, but does a me-too of the system which is flawed and does not use his own advantage to make habits change and to introduce real environmental friendly solutions. He even (kindly...) hands me plastic bags that he knows I will be putting my so called organic waste, so that the bag stops the whole process from happening as it should.
• Mr. City Council says he cares about the environment, but he allows these packs to be bought and used, he puts colour coded containers where he pleases, he does not give me any reason to believe he is respecting the work I put into separating the garbage, he does absolutely nothing to help me with my work, except telling me where I can and cannot put the trash and inform me when he feels like collecting it. It’s all about HIS workload, HIS limitations, HIS possibilities. But I believe they have found a way to earn money from all this.

I could go on and cite every link in this value chain, and list the things they could do better, things that would reflect a real preoccupation about the environment. And the sick thing about the whole issue and perhaps the reason why I am acting so “irresponsibly” is that THEY ALL MAKE MONEY OUT OF THIS SYSTEM. And they make money out of each other, but mainly from me, as a consumer. But ME, the guy that has to be socially and environmentally responsible and generate habits that go against my basic nature, furthermore obliges me to respect other people’s rules, get NOTHING out of the system. Except the fact that my son respects me and knows I have done my bit. Well forget it, I will wait for my son to be old enough to tell him about my decision. He has to be old enough, I wouldn’t want him to be as irresponsible as me, just to please me...

To be or not to be... a designer.


So here are my last words and after all these "obvious career moves". If you are a designer, someone capable of thinking and doing well with good intentions, stick to that. Just that. If you do that for a long time, you will have to learn enough, just enough, of everything else to make you a good designer. If you are a designer and love to be a designer, focus, cherish that, protect it.

I am 42 years old, been into this messy area of design for quite a while. In fact, I was a late bloomer, I remember deciding to go and take a degree on design because I worked for a design who understood design as being the art of designating what others had to do. I remember saying to myself, if this guy can be a designer, I can also be one! Ok, not your average reason to start with design...

I am one of those that went into design because of a talent for drawing and because I liked things. So, took a degree on industrial design (old right?) and then went on to work in the fastest growing company in Portugal, of course, a branding company - my first "obvious career move". I was hired as their first product designer and left 8 years later after doing the typical pathway "from designer to manager because it's the only way up". I interrupted this period for a couple of years and went on to London to do a masters of art... in design; awkward, right. Meanwhile, the company helped me live the good life while in London (they really liked me, yeahh), when I left in 1997 I was executive director managing a group of 12, part of the board of directors of a company of over 200 people, I was making VERY good money.

Why did I leave? to complete my second "obvious career move", form my own company. Though about a new concept; felt the plastics industry was booming and went to the fast growing area of Marinha Grande - a world renown mold making geospot, where I teamed up with some industrial partners that offered engineering / prototyping / mold making / plastic injection under one roof and decided to complete the circle upwards with product design. I had to build the thing from scratch, identify clients, hire people, design, present and collect - management, so to say. Good idea, right? It would have been if I hadn't chosen the wrong partners; as soon as I was the best small company in town and after they had learned the ropes and I trained the team, they started pushing me out. Would I stay and fight and loose precious time while busting my health?

No, went on to complete the third "obvious career move", went abroad and went to work for a fast growing design consultancy in Barcelona, as their design area manager. Yeahh, I know, what does that mean... it was supposed to mean: form a good design team and make sure the design results are top notch. What in fact meant was: compromise with management and other departments, deal with a shitload of bureaucracy, pay more attention to that and to profitability and design will somehow survive. 3 years later, I was invited to start a new fantastic career, become an international account manager. When you are old enough, speak 4 languages and understand enough about a large number of issues that will make you look smart in front of the majority of people, you get to become a salesman. Manage clients and accounts is, after all, the grand profession of sales.

Why am I ranting about my personal path as if I am not successful or appreciated. I am in fact successful, I work in a good company, get paid VERY good money, get involved with fantastic projects and work with very smart people. As to being appreciated, I believe there is a number of people that believe I am a good professional, though less and less people think I am a good designer. And this leads me to why the ranting.

One could argue I could have made better decisions. I could have started by telling my first boss not to promote me to design manager, let me stay on as a designer and hire other people to that job. I should have fought my partners when they wanted to push me out of the company, and buy their part in order to maintain a small product design company that I started. I could also have told the guys at the place I work now "if you don't give me conditions to be a design manager, then let me go. By the way, I don't want to be a salesman, I am a designer". But, do you really think this is what I should have done? Isn't obvious that I did all the "obvious career moves" first, because I had a chance to and second because they were so bloody obvious?

I have been to more than 50 events on design / design management / innovation / management / ... and whenever the word design pops up everyone seems to have an opinion about it. And, at the end or at the beginning, they will all ask the obvious question: what is design. That's when I usually leave the room. I am tired of people discussing what is design, using the same cliches and obvious misconceptions that lead to the same result - poor design, nobody understands you.

Design is about thinking. And doing. And wanting to improve. If you do this well enough, you might be a designer after all. The sad thing about it and about designers is that, when you can think and do things pretty well, when you are curious and restless, people tend to take you out of design and put you into other categories. This is bad because in the real wild world, you don't get to be a designer when you cross over to other areas, and part-time designers deserve no respect from full-time designers. They take you out of design and give you leadership and management tasks, as if this will complement you being a designer.

So here are my last words and after all these "obvious career moves". If you are a designer, someone capable of thinking and doing well with good intentions, stick to that. Just that. If you do that for a long time, you will have to learn enough, just enough, of everything else to make you a good designer. If you are a designer and love to be a designer, focus, cherish that, protect it. We have become - not now, it started with Peter Gorb understanding the value of the designer - commodities and other areas are learning more from us that the opposite. So let them cross over, make them look as silly as we look when we try to engage in business planning. They will come around, and we will survive, if we stay put and design.

By the way, as you might have guessed, I am tired of this fancy job they have given me and am thinking about going back, back to where I started and...design.

Hail to Mr.D!


Eu gosto dos Ingleses, da sua clareza de espírito e da sua capacidade de criar sistemas óptimos contando com algo que eles assumidamente encaram como londe da perfeição, os Ingleses. São um país que assumimos estar a larga distância de Portugal, mas acontece por lá aquilo que vejo acontecer em Espanha e noutros lados por onde passei – igualdade nas queixas sobre o que falta para o país ser verdadeiramente competitivo.

Não sei se conhecem o aspirador Dyson, o primeiro aspirador sem saco no Mercado. Não faço a minima idea sobre a quota de Mercado deste produto em Portugal, mas para um país com a pirâmida das necessidades tão invertida como a nossa (onde provavelmente existem um monte de coisas mais importantes do que o pó nas carpetes ou a qualidade do ar que respiramos), é possível que seja minima. Pois bem, este produto é líder no Reino Unido (“big deal” dirão...), e neste momento é líder nos Estados Unidos (em rentabilidade leia-se, porque a Hoover vende 3 vezes mais).

Mais importante que os debates profissionais que o Sr. D, como lhe chamam, protagoniza pelas terras de sua Majestade – entre outras, despediu-se do cargo directivo do Design Museum por achar que eles só se dedicam ao styling e não prestam suficiente atenção ao design e à engenharia, é que ele protagoniza o milagre do modelo europeu versus asiático de uma forma interessante.

O Sr. Dyson é um acérrimo defensor da Inglaterra, mas há alguns anos decidiu fechar uma empresa de montagem de aspiradores que tinha em Wilshire, levando ao despedimento de 865 empregos e, levou a produção para a Asia. Como devem calcular, esta attitude provocou alguma contestação, principalmente dos sindicatos. Mas vejam o que entretanto aconteceu; os custos com a produção baixaram de tal forma que os lucros dispararam, permitindo-lhe criar 100 novos postos de trabalho no UK a fazer trabalho de valor adicional – desenvolvimento de novos produtos. A criação destes postos de trabalho de qualidade promove a criação de redes de parceiros e fornecedores de igual qualidade, tornando-o num dos melhores contribuintes locais no que toca a impostos e aos benefícios que deles podem (ou devem...) advir. Consegui com esta operação entrar no Mercado tão competitivo como o Americano sem recorrer a fundos extra ou cotação em bolsa e gerou lucro suficiente para se considerar no inventor / fabricante mais bem pago do Reino Unido.

Segundo um artigo recentemente editado no Daily Telegraph, existem pelas contas do Governador da China, cerca de 650 milhões de chineses ávidos por fazer parte da revolução industrial em curso. Para todos eles, a realidade de uma fábrica de brinquedos explorada ao limite é sempre melhor que a de um pobre camponês. O valor adicional da Europa reside no desenvolvimento, no design, na promoção e no marketing, aliadas a qualidades menos tangíveis como a protecão de patentes e o capital de risco. Como o autor do mesmo artigo habilmente nota, se adicionarmos a isso uma lingual que o mundo quer saber escrever e falar, um sistema de legislação comercial justo e uma grande experiência em comercializar o que quer que seja, temos a base de uma economia pós industrial fortíssima.

O autor deste artigo termina om uma lista de desejos para os seus governantes, condições base para esta viragem; impostos simples e baixos, leis que se percebam e que sejam aplicadas, dinheiro e bancos honestos, liberdade contractual, políticas governamentais que integrem o tecido social em vez de o destruir. Subscervo esta lista para Portugal e recomendo aos industriais o modelo do Sr. D!

Não à taxa D!

Os designers são habitualmente chamados de sonhadores e utópicos, são constantemente recordados da necessidade de terem os pés bem na terra. Isto por quererem educar o gosto do publico melhorando o seu dia-a-dia com objectos bem pensados e desenhados, e ainda por cima, acessíveis. Que ilusão... Esta utopia não é uma moda, pois atravessa a curta história do design, desde os seus primórdios com Ruskin e Morris ao multi facetado Starck , neste momento a desenhar produtos “low cost” para as lojas TARGET http://www.target.com.

Durante anos os designers foram parte de algo que está a mudar drasticamente, algo que foi criado por eles mas que também e, em grande parte, foi uma imposição da mercantilismo. Chamo a isso a taxa D, ou a sobretaxa que nos habituamos existir com produtos chamados de design. Por um lado é verdade que a taxa é muitas vezes necessária, ou porque designers com um ego maior que a inteligência fizeram produtos para o seu umbigo que acabam por não ter compradores, ou porque designers mal formados aumentam os custos e a complexidade dos produtos em vez de os optimizar e simplificar. Mas a maioria das vezes somos nós como consumidores e, por consequência os produtores e intermediários, que valorizam o design aparente, a tal beleza inexplicável que nos leva a comprar coisas que não precisamos a um preço desmesurado, e que aceitamos e institucionalizamos a taxa D em tudo o que nos rodeia.

Neste momento, a mudança está a ser provocada pelos “lobos maus” da contemporaneidade – a China. Isto porque eles estão a investir no design como uma “commodity”, algo que serve para diferenciar o produto mas que não justifica por si só um aumento exponencial de preço. A China está a comprar o design, comprando literalmente os designers, quer ao nível da educação – faculdades inteiras de design a serem contratadas para uma temporada numa universidade Chinesa para ensinar os locais “a pescar”, quer ao nível da contratação de bons profissionais. Mas estes profissionais e o resultado da sua actividade não está a inflacionar os custos dos produtos que já não são somente produzidos na China, mas também pensados e desenhados na China e, atenção, em muitos casos com um design sofrível. Alguns dizem que a China não coloca esse premium porque não pode, porque não tem marcas que o suportem. Será isso, ou o país que pensamos estar a abraçar o ocidente com os dois braços mantém um braço no ar, em sinal de respeito pelas políticas socialistas assentes na democratização do gosto, o mesmo tipo de bagagem política que Morris carregava no seu tempo?

Desculpem se volto a mencionar a Apple, mas continuam a liderar em todas as frentes e agora, pasme-se, no preço! Lançaram um computador por menos de 500€ e um reprodutor de Mp3 por menos de 100€. Fizeram-no sem colocar em causa o design, sem baixarem a guarda no que diz respeito ä qualidade e aos detalhes. Fizeram-no racionalmente, aceitando que o preço e o design não são inimigos e que é possível, diria mais, essencial, adequar os produtos ao preço de forma a que eles sejam belos, atraentes, necessários, funcionais, correctos do ponto de vista social e, “on top of that”, baratos. Afinal a IKEA não vende somente porque os seus produtos tem um bom design, vende porque, para além disso, são baratos.

Este é quase um manifesto, que assumo todos os dias no âmbito do trabalho que desenvolvo. Digam NÃO à taxa D.

Jornal de Leiria / Economia / 17 de Fevereiro de 2005

Qualidade gera marca

Considero que tive a sorte de ter iniciado a minha actividade de designer industrial numa empresa de Branding – criação e desenvolvimento de marcas, não como designer gráfico mas sim industrial. Pode parecer estranho, mas verdade é que foi nessa grande empresa onde aprendi a dar valor ao design industrial e, acima de tudo, a entender o seu valor dentro de uma estratégia de marca. Acabei por deixar a empresa e tentar novos voos, frustrado pelo pouco trabalho de design industrial feito em Portugal, pelas poucas marcas na área do produto. Esta introdução serve para colocar a minha opinião em perspectiva.

O tema do declínio das marcas, da sua perca de peso e de valor no mercado como elemento distintivo capaz de gerar o tão desejado “premium”, está bem documentado. O fenómeno passa pelos movimentos sociais anti marca / anti logo (o elemento simbólico da marca), ardilosamente defendido no livro da Naomi Klein “NO LOGO”. Passa também pelos efeitos excessivos da globalização, pelo crescente conhecimento e inteligência do consumidor, pelo seu posicionamento egoísta e pouco tolerante. Mas acima de tudo, pelo entendimento de algo básico e que muito me agrada; que quando não há produto e serviço de qualidade, não há marca que aguente.

Um artigo recentemente publicado na Wired (12.11) fala deste declínio das marcas, citando exemplos como o da Nokia, uma empresa com um valor de marca na ordem dos $30 bilhões e que simplesmente porque se recusou a produzir telefones tipo “clamshell” (tampa tipo ostra) perdeu $6 bilhões de valor de marca e teve que entrar na guerra dos “clamshell” à força. Fala de outros exemplos menos conhecidos do público Português mas igualmente interessantes. Utiliza um termo interessante para descrever o consumidor actual, chama-lhes monogamistas em serie, capazes de se relacionarem com um determinado produto como se fosse a melhor coisa do mundo, até aparecer outro mais sexy no horizonte. Menciona o Kevin Roberts da Saatchi & Saatchi , responsável pela teoria fantástica das “lovemarks”, afirmando que “as marcas perderam o seu poder, estão mortas. Agora o consumidor é quem manda, as marcas não têm sítio para se esconder”.

É um facto que este assunto me agrada como designer de produto e serviço, mas acima de tudo, é um assunto que devia agradar aos empresários Portugueses. Fala-se sobre a necessidade de Portugal ter marcas conhecidas, de Portugal se assumir como uma marca. Mas reconhece-se a dificuldade que temos em colocar essas marcas no coração dos consumidores, do investimento necessário e do tempo para o seu retorno. Em vez disso, falemos de produto e de serviço de qualidade, não somente a qualidade certificada, mas a qualidade visível, sentida, reconhecida. Mais do que falar, invistam em produtos de qualidade, na inovação e no rigor.

Basta olhar em redor e ver as marcas que o são porque os seus produtos assumem de uma forma continuada o seu papel de veículo de ligação ao consumidor. Tanto se fala agora do iPod da Apple e do facto de ele ter dado início a um novo segmento de negócio. É um facto que por detrás do produto existe o serviço iTunes, uma plataforma de gestão de oferta musical personalizada, plataforma esta facilmente copiada, mas o produto não. Quem tem ou já teve na mão um iPod não precisa que lhe expliquem o valor do produto e do design do mesmo neste negócio.

Caros empresários, dediquem-se à tarefa de desenvolver produtos e serviços inovadores e com design ganhador, com afinco e de uma forma continuada, a marca pode bem aparecer quando menos a esperam.

“...The aristocracy of brand is dead. Long live the meritocracy of product”.

Jornal de Leiria / Economia / 3 de Fevereiro de 2005

Gazelas (*) e estatísticas

Hoje vou falar de design e de...números.

A revista Business Week e a Belga Europe’s Entrepreneurs for Growth identificaram as 500 pequenas e médias empresas Europeias responsáveis pelo crescimento Europeu e pela criação do emprego. Enquanto as grandes empresas estão a deslocalizar a produção para a Ásia, estas pequenas e médias empresas são responsáveis por 70% dos empregos privados na Europa. Nas primeiras 100, existem 21 empresas com menos de 500 trabalhadores, a mais pequena tem 120 e encontra-se na posição 87.

Não, este não é mais um estudo onde Portugal fica lá no fundo; fazemos parte dos 10 países a levar a cabo mais reformas e temos 5 empresas no lote das 500, contra 12 de Espanha. Isto apesar das deles estarem mais acima na escala - começam na posição 21 e a primeira Portuguesa na 123. Das 5 empresas Portuguesas, 3 são da área das TI e 2 da comunicação e electrónica, contra somente 4 /12 empresas Espanholas, contando eles com empresas relacionadas com serviços à industria, logística e bens de consumo. No lote das primeiras 10, somente 1 na área das TI, equilibradas quanto a produto e serviço, uma grande parte delas em áreas B2B. Não é de estranhar que uma grande parte delas esteja ligada directa ou indirectamente a grandes marcas (como fornecedores preferenciais) ou a grupos de distribuição. Uma quantidade razoável em bens de consumo na área da alimentação. A maior quantidade das empresas encontra-se no sector dos bens para a indústria.

Um outro assunto envolvendo números. Na Holanda, o equivalente do INE, juntamente com uma organização responsável pela investigação científica aplicada, comissionados por uma fundação privada e pelo ministério da educação local, publicaram resultados de um estudo sobre o valor do design na economia Holandesa. São 46.000 designers, contribuindo com 2.6 biliões de Euros para a economia local – 0,7% do PIB local, 72% dos quais na área dos serviços, 1 em cada 5 na indústria e 7% em organizações não lucrativas. Em termos de emprego, o sector de design tem tanto peso como o sector dos seguros e pensões. No que diz respeito ao seu valor no PIB, tem tanto peso como o sector dos transportes aéreos, maior peso que o sector do petróleo. 58% dos inquiridos revelou que o design tem um papel relevante na inovação, isto nas empresas que combinam a inovação tecnológica com inovação no design.

Resta-me fazer a seguinte correlação. Nos primeiros 100 lugares da contagem acima mencionada, existem 5 empresas Holandesas, uma delas ocupando logo o segundo lugar, somente uma delas na área da comunicação e electrónica. Na lista das 500, 23 empresas Holandesas contra 12 de Espanha. Espanha tem 3 empresas nas primeiras 100, nenhuma delas na área das TI. Não tenho nada contra as empresa de TI, mas é perigoso fazer depender a nossa maneira de estar na Europa somente neste tipo de empresas, porque a concorrência da Ásia e particularmente da Índia é alta, porque acabam quase sempre por ser engolidas pelas grandes.

Se acham que estou a forçar a relação entre estes dois lotes de dados estatísticos é porque acho que existe uma relação directa entre o uso do design e a estratégia de desenvolvimento das empresas e do país. Este estudo valida igualmente a estratégia de parafusos com rosca ao contrário defendida no meu último artigo.

Ahh, termino por confidenciar que na CDN trabalho com 3 das 12 empresas listadas em Espanha e...nenhuma das Portuguesas.

(*) David Birch, um economista Americano, conseguiu nos anos 80 desmistificar a importância das grandes empresas como motores da economia, apelidando as pequenas e médias empresas de gazelas.

Jornal de Leiria / Economia / 11 de Novembro de 2004

O tamanho importa... ou talvez não

Muito se tem escrito sobre este assunto noutro tipo de imprensa. Aos homens fica sempre a sensação de uma história mal contada...

Mas o tamanho têm servido de justificação para outras conversas que envolvem as empresas e os seus países de origem. Fazendo uma análise crua entre Portugal e Espanha, não podemos negar que existe uma grande diferença entre 10 e 40 milhões de consumidores. Dizemos frequentemente que não temos marcas; as marcas são fenómenos que requerem globalização e isso pode implicar um grande investimento. Se as empresas Portuguesas não conseguem muitas vezes se impor no seu próprio território como líderes, não só não ganham massa crítica como assumem riscos enormes ao tentar entrar em mercados onde as empresas locais são localmente tanto ou mais protegidas que as nossas.

No que toca à entrada de produtos e serviços de Espanha e, não discutindo o nível de protecção activa e passiva que existe em ambos países, afirmo que a maior protecção que tenho sentido é das pessoas, dos cidadãos que colocam outros valores acima das regras típicas de consumo – preço, comodidade, qualidade, etc. Dizemos frequentemente que Portugal não tem marcas e redes de distribuição, permitindo que as redes Espanholas entrem pelo mercado a dentro, não sendo nós capazes do mesmo. A verdade é que algumas dessas redes ganharam massa crítica somente com lojas em Espanha e o nosso mercado, sendo um outro país, não deixa de ser como uma das suas províncias. Ao nível das empresas de produto com marca própria, a diferença é tão abismal que eles tem empresas tão grandes que são capazes de cotar em bolsa, e as que não estão cotadas (algumas por vontade própria) são tão grandes que ditam eles as regras de produção, podendo jogar entre o que lhes interessa produzir em casa e fora de casa.

Mas a verdade é que as poucas marcas portuguesas globais não foram alvo de orçamentos astronominais de publicidade; uma Amália, um Luís Figo ou uma Mariza não se preocupam em massificar a sua imagem e nome além fronteiras através de campanhas publicitárias, limitam-se a fazer bem o que fazem, a tomar boas decisões e a deixar que as coisas sigam o seu ritmo natural. O que os faz diferentes de tantos outros que aparentemente fazem o mesmo? Uma mistura de atributos pessoais e profissionais, vontade de vencer, capacidade de trabalho e ...qualidade. Por outro lado, temos um conjunto de empresas que demonstram que o tamanho depende do contexto onde agimos...Temos um conjunto de empresas que são lideres mundiais em produtos e serviços considerados “nichos” de mercado, parafusos com a rosca ao contrário como costumo dizer. Estas empresas, especialistas por natureza, exportam de uma forma natural para 20/30 países, fornecendo outras grandes empresas e estando presentes em circuitos altamente competitivos, com um produto de marca própria. São exemplos o caso recentemente abordado da Nelo e dos seus Kayaks presentes em Atenas, da Critical e da YDreams, mas existem mais.

Sendo assim e, sem focar os tais pequenos países Europeus com menos território e população do que Portugal, mas com recursos ou um histórico que os distancia da nossa realidade, pergunto-me se o tamanho realmente interessa, ou se o tamanho pode afinal se tornar num atributo que nos obrigue a ser mais criativos e a pensar numa estratégia diferente. Se é verdade que o tamanho do mercado determina as economias de escala melhorando o preço final, isso depende do mercado onde escolhemos agir e das fronteiras que decidimos desenhar.Escrevi um artigo inteiro sem falar em design. Será que isso quer dizer que o design não entra nesta discussão, não tem valor neste tabuleiro de jogo? Pelo contrário, na próxima conversa identifico como.

Jornal de Leiria / Economia / 14 de Outubro de 2004