O design está a passar por uma fase interessante. Queríamos ser melhor compreendidos e há 3 anos um editor de peso da Business Week, Bruce Nussbaum trouxe o design para a ribalta, primeiro com os prémio IDEA e depois com um canal sobre inovação na Internet. Mesmo com a eterna confusão com os termos design e inovação, o design a ser tratado por uma revista “mainstream” foi um passo importante. Mas desde início e, influenciados pelo fenómeno da Internet 2.0 e sobre a participação das pessoas na criação de conteúdos, havia uma visão do design onde os designers e os consumidores se misturam num só e se perde a visão de quem é quem. Ora o Bruce em Março foi a uma prestigiada escola de design nos EUA e fez uma palestra com o título “Are designers the enemy of design” , texto esse que depois acabou no seu canal da Business Week. Depois, a também prestigiada revista NextD convidou 50 agentes do design para comentarem o artigo. E apareceram todo o tipo de comentários, defendendo a profissão, agredindo o autor, justificando, colocando mais questões. Um dos argumentos mais discutido pelos diferentes comentaristas é o facto do designer não poder ser separado da estrutura comercial e profissional onde está inserido, sendo o seu poder de definição do objectivo e de colocação do resultado no mercado limitado.
Lembrou-me uma reunião que tive em tempos com um cliente em Portugal que me disse textualmente que não pagava para pensar, pagava por resultados. Ele reconhecia que era preciso pensar para se chegar a um resultado, mas ele não queria ser cobrado pelo processo, somente pelo resultado. Implicitamente, ele estava igualmente a dizer que se o resultado não fosse o esperado, ele não pagava. O designer inserido num sistema económico e dependendo do seu trabalho para sobreviver, tem duas alternativas; investe e pensa para chegar a um resultado, ou não pensa e apresenta um resultado com o mínimo de investimento possível. Quando opta pela segunda alternativa e acerta com o que o cliente espera, o designer sabe que não pensou na resposta, mas o resultado validou o processo ou a sua ausência e, segue em frente. O desejo de que depois pensamos raramente se realiza, e quando o fazemos numa etapa do processo onde já devíamos estar a fazer, vale o que vale.
Neste sentido os designers estão a ser inimigos do design, dos consumidores, de todos. E os clientes que acham por bem não pagar para pensar?
Jornal de Leiria, Caderno Economia Maio 2007
Thursday, May 17, 2007
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