Sunday, October 28, 2007

Visionários e investidores para projecto de educação a médio longo prazo precisam-se!

Fui pela segunda vez convidado para fazer parte do júri de avaliação dos alunos finalistas do ISD – Institut Supérieur de Design em Valenciennes, a norte de Paris. A Escola comemora 20 anos, tem formação de topo em design digital, transporte e produto, com 100% de alunos empregados nas melhores empresas de design e industriais Franco Belgas mas não só. Desde que contratou uma pessoa especificamente para a colocação de estudantes noutros países, conseguiu atingir 40% de estudantes colocados no mercado mais exigente para o design industrial, os EUA. Isto por sua vez fez triplicar o número de inscritos no instituto e deu origem a um circulo virtuoso de reconhecimento da Escola, da zona, das empresas empregadoras e de França como país com design de origem. Em 2008 vão abrir um polo com design digital em Pune (Índia).

Existem mais razões de sucesso par além do trabalho desempenhado pela responsável de colocação internacional (esposa do Design Director do primeiro empregador de produto...), tal como 3 períodos de estágios curriculares de 6 meses para todos os alunos, a existência de um tecido industrial Franco Belga que valoriza o design e contrata os estudantes, um polo de marcas automóveis e fornecedores de primeira linha (a Simoldes Plásticos entre eles), o apoio incondicional da Câmara local que faz tudo ao seu alcance para manter a Escola feliz, uma lista de parceiros de negócio fortes (entre eles no software 3D a Autodesk/Alias Studio), um Júri Internacional pago para estar presente dois dias para avaliar e pontuar os alunos (a nossa avaliação pesava 40% na nota final!), eventos de promoção e marketing onde os alunos se “vendem” perante o mercado dos futuros empregadores, etc.

A Escola Superior de Design de Aveiro está a fazer um bom trabalho, tal como a Escola Superiora de Artes e Design das Caldas da Rainha. Mas quando estava em Barcelona como director de design, recebia centenas de currículos de estudantes de todo o mundo, e fiquei sempre mal impressionado com os portfolios dos alunos de design de escolas Portuguesas. Acabei por contratar vários alunos do ISD e um ou outro Português, por acreditar no seu talento. Ficava triste por todos reflectirem um portfolio desajustado à realidade empresarial, por revelarem a sua falta de integração com a industria, pelo facto de não conhecerem alternativas adequadas às suas aspirações e formação.

Tenho um licenciatura de design industrial aprovada pelo Ministério de Educação numa prateleira de um Instituto local, a ganhar pó. Tentei colocar a mesma de pé, mas possivelmente por fala de jeito nem consegui atrair um número mínimo de estudantes. Há empresas industrias, de serviços, políticos, empresários e outras pessoas de visão interessados em colocar de pé um projecto a médio/longo prazo de educação em Leiria? Já sabem onde encontrar-me!

Jornal de Leiria, Caderno Economia Setembro 2007

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