Chegamos a Setembro e eu penso sempre que as coisas vão ser diferentes. A sério, para os outros meses há sempre uma justificação para não se tomarem decisões, e habituamo-nos a que as empresas a sério tomam as decisões para o ano seguinte em Setembro. Todos os anos penso que aquelas empresas com quem tenho trocado orçamentos e revisões, propostas compactas e sumários executivos durante o resto do ano, chegam a Setembro e decidem, decidem pela aposta no design. Afinal, parece que cada ano há mais justificações, parece-me que no panorama internacional o sucesso do design como ferramenta de negócio é inquestionável, já não necessitamos de citar sempre a Apple. Em Portugal até um agora eleito Presidente da Câmara convidou designers para discutir a cidade. Mas chego ao final de Setembro desapontado, novamente.
As empresas que inovam com o design, continuam a inovar; as outras continuam a julgar que se pode dar cabo da concorrência ou simplesmente sobreviver com ajustes ao produto e quota de mercado. O facto da Nintendo Wii, a mais fraca das plataformas de jogos com menos jogos, menos potência online, etc., ser a que mais se vende estando sempre em ruptura de stock, não serve de lição sobre o uso do design na definição de uma experiência impar. Talvez, mas é um caso distante de um sector que não tem nada a ver com Portugal. Mas então e o caso dos Croc’s, num sector como o do calçado onde supostamente temos activos a proteger? Temos a Geox, é um facto. Uma das empresas que inova com design, e continua a inovar.
Quando será que as empresas nacionais, em todos os sectores onde temos tradição e activos, reconhecem de uma vez por todas que, se estão no mercado e em concorrência, devem pelo menos apostar no design como uma das categorias onde podem ser os melhores. Talvez não possam competir no tamanho, nem na capacidade de investimento, mas podem aproveitar o facto de existir uma sobre produção de designers em Portugal e apostar no design. Não serve de nada etiquetas a identificar produto nacional, ou explicar às pessoas para prestarem atenção ao 560 nos códigos de barras, interessa conquistar a mente e o coração dos Portugueses, dos Espanhóis, de outros Europeus e Norte Americanos, no mesmo plano de acção, no mesmo campo de batalha, na prateleira lado a lado.
Estou farto deste ciclo da não decisão pelo design, deste eterno protelar. Se o Natal é quando um homem quer, pois que a decisão a favor do design seja todos os meses, de uma vez por todas.
Jornal de Leiria, Caderno Economia Setembro 2007