Tuesday, May 13, 2008

Good Design! or not....

Com os cumprimentos da Joana Pina Pereira.

Os casos da gestão de design

Estive em Paris para a 12ª conferencia internacional de design Management organizada pelo DMI, a autoridade mundial no tema. Em cada país organizador há sempre uma tendência para incorporar casos de estudo locais, para que o evento não seja demasiado Americano, algo desejável e compreensível. E desta vez não fugiu à excepção, com as presenças da Fauchon, Renault, Faurecia, Legrand e outros. Mas também ouve uma presença hispânica, a Roca; por sinal a melhor apresentação.

Houve um pouco de tudo e aproveito para deixar um pequeníssimo resumo:

Fauchon – marca de “fast food” de luxo muito antiga, esteve à beira da falência há dois anos, com a entrada de um novo investidor renovou-se totalmente. O mais impressionante; como uma equipa de 4 pessoas pode fazer tanto em tão pouco tempo. O maior desafio: como escalar um negócio de comida com os desafios da produção local e logística.

Kone – Marca de elevadores Finlandesa, um produto pouco “sexy” e muito “regrado”, a responsável de design mostrou como se pode inovar com design transformando o elevador num interface cultural

Renault – O Patrick Le Quément é reconhecido como um dos pioneiros a dar a volta ao design no sector automóvel, assumindo hoje uma posição de destaque na empresa. No entanto ficou visível que a revolução que a Renault fez no tempo do primeiro Twingo não é a mesma que demonstra o novo Twingo, e ficamos a pensar se é do sector, da parceria com a Nissan ou da Renault precisar de um novo director de design

Karo – Uma empresa Canadiana de Branding a mostrar como veicular imagens e sentimentos fortes com a marca

Marc Giget – Um dos mais conceituados cientistas e teóricos da Inovação, uma apresentação muito interessante sobre a origem e o futuro da inovação, penalizada por ter sido feita num “bad english” típico dos Franceses

Faurecia – Uma apresentação interessante de como as empresas “Tier 1” da industria automóvel se acomodaram para responderem com inovação e design aos compradores das marcas. Já tinha visto uma apresentação similar da Johnson Controls e são casos interessantes de incorporação de design e inovação em negócios outrora B2B

Roca – Uma excelente apresentação de alguém recente na empresa, alguém conhecedor do valor do design e da inovação, alguém com capacidade operacional para dar a volta a uma empresa de um tamanho considerável mesmo ao nível europeu.

Clive Grinyer – O Clive influenciou-me há 15 anos quando foi tutor externo da minha tese de mestrado, disse-me que o meu trabalho não estava ao nível que ele esperava. Desta vez voltou a influenciar-me com uma apresentação sobre o design silencioso, sobre o facto de sermos demasiado silenciosos e esperarmos sempre para sermos convidados, sobre o facto de sermos pouco críticos em relação ao nosso próprio trabalho. Vou num outro artigo dedicar-me exclusivamente a esta apresentação que deu que pensar.

Microsoft – Quem disse que a Microsoft não tem design? Claro que tem, mas o design é parte do problema e da solução e o Surya Vanka teve a honestidade de mostrar as chalaças que circulam no mercado sobre o design extra detalhado e hiper confuso da Microsoft.

Legrand – O meu amigo Pierre Yves mostrou de forma clara como se pode aumentar as vendas de um produto, contornando um preconceito complexo – quem manda são os instaladores, questionando um mito muito antigo – só se vende o branco, com design e inovação que começou pelo ponto de venda. Dados e números impressionantes sobre o valor real do design.

Houve sessões paralelas, algumas delas bem interessantes e, houve uma sinopse de “papers” apresentados na conferencia de educação de design management que tinha tido lugar dois dias antes. Nessa conferencia apresentei um “paper” sobre a experiência de educação de design a gestores na Universidade Católica / FCEE. Um conterrâneo, o Carlos Oliveira Santos, apresentou o caso da Renova como exemplo de inovação.

Consegui – oficiosamente, a organização desta conferência para Lisboa em 2010. Uma batalha ganha depois de 3 anos de insistência e de comprovação que Lisboa tem condições de atracção e de organização para o fazer, mas agora tenho um outro problema; que empresas locais, que empresários locais com dimensão e ambição, com projecto que reflicta a gestão do design como mais valia para o negócio, que dados de mercado que substanciem estas estratégias, que produtos, que serviços. É um desafio, mas temos dois anos e, no limite, podemos sempre convidar empresas do país vizinho!